Proteger a floresta<br>e os produtores

Jerónimo de Sousa visitou anteontem, 21, os baldios da freguesia de Vilarinho, na Lousã, e esteve reunido com a Comissão de Compartes, numa acção do PCP em defesa da produção florestal, pela prevenção dos incêndios florestais e em defesa da propriedade comunitária. Na iniciativa valorizou-se o trabalho de gestão comunitária do baldio, no ordenamento, limpeza, valorização e gestão da floresta, sublinhando-se que a prevenção faz-se fora das épocas de maior risco de incêndio.

Jerónimo de Sousa valorizou a notável obra dos baldios, propriedade comunitária, gerida pelos povos que, quase sem apoios do Estado, e por vezes mesmo contra os empecilhos que sucessivos governos lhe colocam, defende e promove a floresta, assegurando ainda o apoio e a resolução de problemas das suas comunidades. Recorde-se que, no Verão, em cima dos graves fogos que assolam o País, o PCP visitou áreas ardidas em diversos pontos do continente e da Região Autónoma da Madeira, tendo assumido que não deixaria de reflectir sobre este assunto fora da fase aguda.

Para o PCP, reafirmou-se, é necessário ter presente que em vastas regiões do País as actividades agroflorestais são a garantia de fixar populações às suas terras, combater o abandono e o despovoamento, pois muitas vezes são a única actividade económica que resiste. Na visita foi possível constatar a dificuldade de combater pragas e espécies invasoras da floresta, que requer permanente atenção e trabalho no terreno. A praga do nemátodo está longe de ser a única a afectar a floresta nesta zona, acrescendo-lhe a processionária do pinheiro e a invasão por acácias.

Os representantes dos baldios deram nota à delegação do PCP de outro problema central para a gestão activa da floresta: o preço da madeira pago aos produtores, questão que está ausente das propostas do Governo na chamada «Reforma da Floresta». O preço da madeira é no essencial o mesmo desde há 30 anos, e a madeira de eucalipto é paga em Portugal a preços que são quase metade do valor pago em Espanha.

Já o pinheiro bravo e as madeiras nobres são muitas vezes pagas a preço de lenha para queimar, o que coloca os produtores numa situação de maior vulnerabilidade face ao domínio monopolista das indústrias transformadoras da pasta de papel. Estes grupos económicos decidem o preço, esmagando-o, para somar lucros fabulosos, e arruínam os produtores. Os representantes dos baldios insistiram na necessidade de terem personalidade jurídica e igualdade de acesso a candidaturas aos quadros comunitários de apoio.

O PCP transmitiu a sua posição crítica face à chamada «Reforma da Floresta», pois não responde ao problema central do preço da madeira, ao não estar associada a um necessário plano de investimentos. A crítica estende-se ainda ao facto de nela não haver qualquer palavra sobre os baldios e o apoio ao seu investimento, ignorando dessa forma cerca de meio milhão de hectares de floresta nacional. Apesar disso, foram anunciados recentemente milhões para apoiar a indústria do papel.




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